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Número de bebês sem vacina contra sarampo é o maior em 20 anos, alerta OMS


O número de bebês que perderam a primeira dose da vacina contra o sarampo em 2020 deu o maior salto em 20 anos, o que eleva o risco de novos surtos, segundo relatório divulgado na quarta-feira (10/11) pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), dos Estados Unidos.


No total, 24 campanhas de vacinação contra o sarampo planejadas para o ano passado foram adiadas no mundo, por causa da pandemia de Covid. A doença é grave em crianças e pode provocar a morte, afirmou o diretor de imunização global do CDC, Kevin Cain.


O Brasil é um dos países em que a queda na imunização infantil preocupa, segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações Renato Kfouri. “De 2015 até início de 2019, a média de cobertura vacinal era de 90%, 95%. Em 2019, abaixou para 80% e, na pandemia, isso caiu para perto de 70%”, diz ele.


Para Cain, do CDC, os países precisam agir rapidamente para aumentar a cobertura de imunização antes que viagens e circulação voltem aos níveis pré-pandemia, porque o sarampo é um dos vírus mais contagiosos do mundo, embora seja quase totalmente evitável por meio da vacinação.


Segundo a OMS, a ameaça de surtos cresceu mesmo com a queda de 80% no número de casos relatados da doença, porque a pandemia dificultou a vigilância sanitária, e houve redução no número de amostras enviadas a laboratórios, atingindo o menor número em dez anos.


No total, chega a 22 milhões no mundo o número de crianças não vacinadas, um aumento de 3 milhões em comparação com 2019. Deixaram ainda de receber a segunda dose 70% delas, bem abaixo da meta de 95%.


“As evidências indicam que estamos vendo a calmaria antes da tempestade”, disse Kate O’Brien, diretora de imunização da OMS. Segundo ela, o desvio de recursos e equipes para combater a Covid é prejudicial: “Corremos o risco de trocar uma doença mortal por outra”.


Nos últimos 20 anos, estima-se que a vacina contra o sarampo evitou mais de 30 milhões de mortes em todo o mundo. As mortes estimadas por sarampo caíram de cerca de 1,07 milhão em 2000 para 60,7 mil em 2020.


A redução na vacinação, porém, já vinha ocorrendo antes da pandemia, segundo o diretor do Unicef para imunização, Ephrem Lemango. “Até mesmo pequenos bolsões de baixa cobertura de imunização contra o sarampo poderiam alimentar surtos sem precedentes, inclusive em países onde a doença foi considerada erradicada”, disse ele. (Folha de São Paulo)


Orientação aos viajantes

Todo viajante com destino internacional ou para áreas no Brasil com comprovada circulação do sarampo que não seja vacinado ou que esteja com esquema vacinal incompleto, deve se vacinar pelo menos 15 dias antes da viagem.


Os passageiros que retornam, nos últimos 30 dias, das áreas de risco para o sarampo, caso apresentem febre e manchas vermelhas pelo corpo, acompanhado de tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite, devem procurar uma unidade de saúde para atendimento imediato.


O que é

Doença viral aguda, altamente contagiosa, grave, que pode acometer pessoas não-vacinadas em qualquer idade. O sarampo é uma das doenças mais contagiosas do mundo, com potencial para ser extremamente grave, afetando principalmente crianças menores de 5 anos de idade, especialmente as mal nutridas e bebês não-vacinados. A única medida efetiva de prevenção contra o sarampo é a vacina, distribuída gratuitamente nos postos de saúde e que também imuniza contra caxumba e rubéola. Essa imunização faz parte do calendário vacinal.


Como é transmitido?

De pessoa a pessoa, através das secreções nasais ao tossir, expirar ou falar. O contágio também se dá por dispersão de gotículas com partículas virais (aerossóis) no ar, em ambientes fechados como, por exemplo, escolas, creches e clínicas. O vírus pode permanecer em ambiente fechado por até duas horas depois de a pessoa ter saído do local.


Sintomas

Os sintomas da doença aparecem apenas de 10 a 14 dias após a exposição ao vírus. Incluem tosse, coriza, olhos inflamados, dor de garganta, febre e irritação na pele com manchas vermelhas. Além disso, em casos mais graves, pode causar também infecção nos ouvidos, pneumonia, diarreia, convulsões e lesões no sistema nervoso.


Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado com exames de laboratório específicos como IgM para Sarampo ou PCR (reação da cadeia de polimerase) para identificar o vírus. Não há tratamento para uma infecção de sarampo que já está estabelecida e é necessário auxílio médico para aliviar os sintomas e acompanhar a evolução do paciente. Normalmente, os sintomas desaparecem em dias ou semanas.


Situação

A doença é uma das principais responsáveis pela mortalidade infantil em países do Terceiro Mundo. No Brasil, graças às sucessivas campanhas de vacinação e programas de vigilância epidemiológica, a mortalidade não chega a 0,5%. Porém, em 2017, a vacinação de crianças menores de um ano teve seu menor índice de cobertura em 16 anos no país. A baixa taxa de imunização foi um dos motivos de o vírus ter voltado a circular no Brasil.


Prevenção

Vacinar é o meio mais eficaz de prevenir o sarampo. Duas doses da vacina são recomendadas para garantir a imunidade e evitar surtos, pois aproximadamente 15% das crianças vacinadas falham no desenvolvimento de imunidade da primeira dose. A vacina Tetra Viral é indicada para prevenção do sarampo e está disponível nos postos de saúde para crianças a partir de 6 meses de idade. Outra opção é a vacina tríplice viral.


Esquema de vacinação por idade

De 6 a 11 meses (*)

A criança deve receber a dose zero da vacina Tríplice Viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba.

Aos 12 meses de idade

Receber a 1ª dose de rotina da vacina Tríplice Viral

Aos 15 meses de idade

Receber a 2ª dose de rotina da vacina Tríplice Viral.

Até 29 anos

Caso não tenha sido vacinado anteriormente, deve receber duas doses da vacina Tríplice Viral, com intervalo de 30 dias.

30 a 49 anos

Caso não tenha sido vacinado anteriormente, deve receber uma dose da vacina Tríplice Viral.

(*) Esquema de vacinação especial, orientado pelo Ministério da Saúde, de acordo com o atual cenário epidemiológico.

Obs.: A vacina é contraindicada em gestantes. Pessoas imunocomprometidas deverão ser avaliadas e orientadas antes da vacinação.





Informações: OMS e Voz da Bahia



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